A vida acaba quando acaba

Partiu para sempre, mas apesar da tristeza que deixou nos nossos corações, deixou também boas recordações. Muitas histórias alegres e cómicas. Foi também um Homem que viveu para melhorar o mundo. Foi afectuoso, inteligente, perspicaz e ainda por cima bonito. Tinha sentido de humor e entre dons, um muito especial, sabia ler as pessoas por isso fez tantos amigos.

Fez-me muitas surpresas ao longo destes 3 anos de convivência. 

Lembram-se do postal em correio azul na minha secretária com um figo lá dentro, que descrevi no blog? 

Apareceu muitas vezes com frutas tropicais só para me ver a fazer caretas e a ralhar: “Eu não gosto disto, sabe a mofo!” – “Prova que deste vais gostar, é doce, juro”. E depois ria-se.

Tinha uma figueira, uma figueira que só ele cuidava. Este ano deu poucos figos, chamou-me e disse: - “Estás a ver este figo? Ainda é pequeno. Este figo é para ti quando estiver pronto.” Senti-me tão especial. Aliás, fazia-me sentir especial sempre.

Chegava devagarinho ao meu gabinete e ficava a olhar. Eu levantava-me, fazia-lhe uma festa e dava-lhe sempre um abraço. O último dei, não há muito tempo. Disse-me que vinha menos porque tinha problemas respiratórios e que tinha de se resguardar em casa. Que só tinha este problema porque tinha 40 anos a mais. Dei-lhe um abraço apertado. Não sabia que era o último. Antes de sair ficou a olhar fixamente, como fazia sempre. Eu sorri-lhe, ele respondeu: “até já”.

Guardo muitas memórias boas e há uma frase que nunca vou esquecer porque a disse muitas vezes:

“Todos os dias são especiais quando te vejo”

Sentirei muitas saudades.